A Reforma Tributária trouxe mudanças significativas para o sistema tributário brasileiro — e uma das principais novidades é a adoção do modelo de crédito financeiro no novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA) Dual.
Esse modelo, baseado na não cumulatividade, permite que empresas compensem os tributos pagos nas etapas anteriores da cadeia produtiva, evitando o chamado “efeito cascata”. Ou seja: a cada compra de insumos ou serviços com incidência de CBS e IBS, a empresa poderá aproveitar créditos para abater do que deve ao Fisco nas suas vendas.
Mas atenção: a folha de salários ficou de fora desse mecanismo.
O conceito do crédito financeiro exige um recolhimento anterior. Só gera crédito o valor efetivamente pago em tributos nas aquisições. Como não há incidência de CBS e IBS sobre salários, também não há que se falar em crédito sobre a folha.
Consequência prática: incentivo à automação
Com isso, setores que têm uma estrutura de custos fortemente baseada em pessoal — como o de serviços — não terão o mesmo nível de compensação tributária que setores com maior volume de insumos, como a indústria.
Na prática, atividades econômicas que mais empregam tendem a ter um peso maior na carga tributária relativa, enquanto empresas que investem em automatização e tecnologia tendem a obter mais créditos e, consequentemente, pagar menos imposto.
O que esperar daqui pra frente
A implementação da Reforma será gradual, iniciando em 2026 e se estendendo até 2033. Nesse período, é fundamental que empresários e gestores estejam atentos aos impactos diretos no seu modelo de negócio.
Especialmente para empresas com alta dependência de mão de obra, será necessário avaliar estratégias para mitigar os efeitos da não geração de créditos sobre a folha salarial, considerando desde a revisão da estrutura operacional até o investimento em tecnologia.
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